Andando à esmo numa rua molhada

Pois é ... vinha eu andando à esmo por uma rua de paralelepípedos molhados da chuva, no fim de uma tarde cinzenta, quando me deparei com um pequena florzinha amarela e azul, irradiante de vitalidade, saindo da fresta de um muro meio em ruínas. Pouco movimento por ali naquele momento, a não ser dois garotos jogando pipa. Pensei comigo mesmo: - O que esta flor estará fazendo num lugar como esse a essa hora ? E, para meu espanto, ela me respondeu quase sussurrando, porque eu passava bem juntinho ao muro:-Há vida em todos os cantos e à qualquer hora. E há quem viva intensamente os momentos mais simples e aparentemente insignificantes como te parece esse. Chegue mais. E cheguei mais perto do muro, observando então inúmeros insetos e pequenos roedores fazendo uma verdadeira festa com algumas migalhas de alimentos que provavelmente recolheram ali por perto. -Estão todos festejando mais um momento intenso e feliz de preservação da espécie, continuou a florzinha ... A preservação das espécies depende da nossa garra de prosseguirmos sempre em frente. -E você, perguntei à florzinha amarelo e azul, o que faz para isso se fica aí paradinha, só observando o que se passa à sua volta ? - Eu estou crescendo e me aprimorando para embelezar e fecundar a beleza das florezinhas sivestres amarelo e azuis que também têm a sua função na natureza. Você não está aqui me apreciando? Nem cresci ainda e já te fascinei um pouquinho só. Depois farei o mesmo com outros que por aqui passarem com a mesma calma , atenção e sensibilidade que tiveste. A alegria e a beleza também estão estão na vida assim como a necessidade da preservação. Tchau, menino curioso ... Tchau florzinha, sejamos felizes e alegres em qualquer lugar e em qualquer tempo e hora.