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“PELAS ÁGUAS DA VIDA”
Ponho a deslizar
Minha melancolia,
Suave e infinita,
Pelas águas da vida,
Em direção a nada;
Às margens, palafitas
E vidas já finitas;
Acima há névoa
E tudo parece cinzento,
Sem nenhum movimento;
Atrás, a bruma fresca
Desta manhã, muito distante
Daquela antiga, farsesca;
Abaixo, as águas são difusas
Onde marolas sutis se esgarçam
E, preguiçosas, se espraiam
Deslizando para além
Do meu observar calado
Que nem sei de onde vem.
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